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SOROR

 

Galeria Oriente

22 de jul. a 26 de ago. 2017

Artistas

Silvana Andrade e Juliana Rocha

Curadoria

Simone Rodrigues

 

 

SOROR apresenta trabalhos de duas jovens artistas que têm na fotografia o seu principal meio de expressão. Já de início, vale observar que não se trata de uma exposição “bem comportada” em nenhum aspecto, nem na técnica, nem na temática. Explicamos: as experiências que Silvana Andrade e Juliana Rocha compartilham conosco escapam da caixinha fechada da fotografia stricto sensu e imiscuem-se no campo expandido em que a fotografia já não é mais dissociável da apropriação de imagens e objetos, do vídeo, da performance, da instalação e, sem medo de ir longe demais, das relações interpessoais.

Mas o que a faz mais representativa de um certo misbehavior típico da boa arte, crítica e inquieta, é o conjunto das questões propostas, relacionadas à denúncia da opressão contra as mulheres e da repressão de seus corpos. Como “boas meninas más” encarnadas em corpos indisciplinados, as artistas trabalham pela desconstrução de alguns códigos sociais associados ao feminino, fazem pensar sobre suas representações culturais e simbólicas e usam a arte como agente de elaboração de possibilidades novas, alimentadas no seio do cada vez mais empoderado movimento feminista.

Na busca de uma palavra simples para se referir a uma realidade complexa, em uníssono elas dizem “Sóror”: palavra em latim que significa irmã. Até há pouco tempo, Sóror era apenas um termo usado como pronome de tratamento para as freiras, ou seja, as “irmãs” das ordens religiosas, o corresponde feminino de "frei". Nos anos recentes, temos acompanhado o neologismo “sororidade” bater recordes de citação nas redes e adentrar pela primeira vez os dicionários da nossa língua para designar a solidariedade entre mulheres, a superação da sua suposta rivalidade e a luta contra as violências perpetradas pelo machismo naturalizado na sociedade patriarcal. É no mínimo sintoma de uma grande virada deste nosso século XXI que um significante emigrado do obscuro contexto monástico cristão – templo histórico da repressão ao corpo, da lógica do pecado e da demonização do feminino – possa vir respirar novos significados na arena da arte contemporânea e seus vínculos viscerais com a existência.

 

Além da exposição aberta à visitação, ao longo da temporada haverá atividades extras que fazem parte do Programa Ateliê Aberto. São palestras, conversas e ações com artistas e pesquisadoras convidadas – Claudia Roquete Pinto, Carolina Bieta, Nana Moraes, Roberta Barros e Simone Rodrigues –, todas mulheres que vêm se destacando no ativismo feminista e outros movimentos da contracultura atual, da pesquisa acadêmica ao ativismo queer.

 

 

 

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